UNE comemora os 50 anos da Legalidade

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Começa na noite de hoje (13) – e prossegue até domingo (14) - na Câmara Municipal de Goiânia,  o 52º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), que deve reunir cerca de 10 mil estudantes de todo o país. O evento contará com as presenças do ex-presidente Lula e do Ministro da Educação, Fernando Hadad.

Este ano, a UNE vai homenagear os 50 anos da Campanha da Legalidade, o movimento que evitou a implantação de uma ditadura no Brasil, em 1961, no qual teve papel decisivo o pedista Leonel Brizola, então Governador do Rio Grande do Sul, comandando a resistência democrática pela posse do vice-presidente João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros.

Entenda o que foi a Campanha da Legalidade

Em 25 de agosto de 1961, Jânio Quadros havia renunciado ao cargo, enquanto João Goulart, vice-presidente, estava em visita à China. O Brasil viveu momentos de instabilidade nunca vista desde 1954. Os militares, sob influência direta dos Estados Unidos, que temiam ver no Brasil um governo de linha popular-esquerdista - como em Cuba - impediram o vice-presidente de assumir o cargo como mandava a lei.

Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, inicia então um movimento de resistência, pregando a LEGALIDADE, ou seja, a posse de Jango (como João Goulart ficou conhecido). Brizola falava ao povo pela rádio Guaíba e iniciou o movimento denominado a Rede da Legalidade. Os discursos de Brizola eram transmitidos a partir de um estúdio montado no porão do palácio, sob orientação do engenheiro Homero Simon, que cuidou para que rádios do interior retransmitiessem a programação. Em ondas curtas, a LEGALIDADE alcançava ouvintes em outros estados.

O então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, fez, no dia 27 de agosto, o seguinte discurso:

"O Governo do Estado do Rio Grande do Sul cumpre o dever de assumir o papel que lhe cabe nesta hora grave da vida do País. Cumpre-nos reafirmar nossa inalterável posição ao lado da legalidade constitucional. Não pactuaremos com golpes ou violências contra a ordem constitucional e contra as liberdades públicas. Se o atual regime não satisfaz, em muitos de seus aspectos, desejamos é o seu aprimoramento e não sua supressão, o que representaria uma regressão e o obscurantismo.

A renúncia de Sua Excelência, o Presidente Jânio Quadros, veio surpreender a todos nós. A mensagem que Sua Excelência dirigiu ao povo brasileiro contém graves denúncias sobre pressões de grupos, inclusive do exterior, que indispensavelmente precisam ser esclarecidas. Uma Nação que preza a sua soberania não pode conformar-se passivamente com a renúncia do seu mais alto magistrado sem uma completa elucidação destes fatos. A comunicação do Sr. Ministro da Justiça apenas notifica o Governo do Estado da renúncia do Sr. Presidente da República.

Por motivo dos acontecimentos, como se propunha, o Governo deste Estado dirigiu-se à Sua Excelência, o Sr. Vice-Presidente da República, Dr. João Goulart, pedindo seu regresso urgente ao País, o que deverá ocorrer nas próximas horas.

O ambiente no Estado é de ordem. O Governo do Estado, atento a esta grave emergência, vem tomando todas as medidas de sua responsabilidade, mantendo-se, inclusive, em permanente contato e entendimento com as autoridades militares federais. O povo gaúcho tem imorredouras tradições de amor à pátria comum e de defesa dos direitos humanos. E seu Governo, instituído pelo voto popular - confiem os riograndenses e os nossos irmãos de todo o Brasil - não desmentirá estas tradições e saberá cumprir o seu dever."














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