Índios mantêm três servidores em aldeia desde sábado e cobram escola do governo do Maranhão

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23/10/2008 - 17h41

Índios mantêm três servidores em aldeia desde sábado e cobram escola do governo do Maranhão


Em razão do descumprimento da promessa do governo do Estado do Maranhão de construir uma escola para os ensinos fundamental e médio, os índios timbira (gavião), da aldeia Riachinho, em Amarante do Maranhão, mantêm desde sábado (18) três funcionários da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) dentro da aldeia: Iza Quadros, Eliene Pereira Costa e Carlos Alves Viana.

De acordo com o cacique da tribo, Joel Gavião, os servidores estão sendo bem tratados e só serão liberados quando for iniciada a construção da escola. "Eles tomam café, almoçam, jantam, podem andar por toda a aldeia e entrar nas casas. Eles não estão presos. Preso é quem fica atrás das grades", afirmou o cacique, por telefone, à reportagem do UOL.

A refém Iza Quadros, também por telefone, confirma as declarações de Joel: "Estamos todos magoados com a mídia, que erroneamente informa que estamos sendo mal-tratados. Não somos presos, nem reféns. Eu asseguro que estamos bem e apoiamos as reivindicações da tribo. Aguardamos o cumprimento do acordo com a Seduc e a Intercomunidades (entidade que representa as aldeias indígenas do Maranhão)."

Cristovão Marques, representante da Funai em Imperatriz (MA), está a caminho da aldeia para negociar com os índios. De acordo com Marques, uma empresa ganhou a licitação e recebeu recursos para a construção da escola, mas não cumpriu o contrato. "A obra será conduzida pela empresa que ficou em segundo lugar no processo de licitação."

Joel promete mais manifestações, caso o governo do estado não construa a escola. "Na nossa aldeia temos cerca de 200 índios. Se contar as aldeias próximas, somos mais de 1.500. Mobilizaremos os índios de toda a região e do Maranhão inteiro se o governo não nos respeitar."

No improviso
Enquanto uma nova escola não é inaugurada, os 80 estudantes da aldeia assistem às aulas em uma pequena escola improvisada. Leandro Gavião, membro da tribo e estudante, diz que as condições são precárias.

"A escola tem apenas uma sala, que é muito pequena. Não ficamos à vontade para estudar. Os alunos são obrigados a assistirem às aulas na cozinha", disse. "Pedimos pacificamente diversas vezes ao governo do Maranhão, que se comprometeu a construir a escola, mas até agora eles não fizeram nada. Pelo o que foi prometido, as aulas deveriam ter começado no início desse ano", completa Leandro.

Segundo Alcindo Holanda, assessor de imprensa da associação comunitária da região, além de a empresa responsável pela obra não ter respeitado a licitação, a Seduc não está enviando material escolar e didático e merenda para os alunos.

"A Seduc alega falta de recursos e de pessoal, mas nós avaliamos que o problema não é esse, já que a maior parte dos recursos para a construção de escolas em aldeias é proveniente do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) do governo federal", denuncia.

"As aldeias próximas sofrem com o mesmo problema. A maioria não possui escolas e as que foram construídas não são de boa qualidade", acrescenta o assessor.

A reportagem do UOL tentou sem sucesso o contato com a Seduc entre 18h e 20h (Brasília) desta quinta-feira (23).



Texto retirado de : http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2008/10/23/ult5772u1239.jhtm

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