Adolescentes são flagrados com armas de fogo

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Adolescentes são flagrados com armas de fogo

A apreensão de armas de fogo no Distrito Federal cresceu 35%, quando se compara janeiro deste ano e o mesmo mês de 2008. No início do ano passado, uma média de seis armas foi recolhida diariamente pelas polícias Militar e Civil, num total de 195 apreensões. Só em janeiro deste ano, foram apreendidos 264 revólveres, pistolas e espingardas. A maioria delas, de acordo com os responsáveis pela Segurança Pública, foi encontrada na mão de adolescentes e jovens. "Muitos criminosos entregam as armas para os menores de idade porque o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é mais brando do que o Código Penal e o Estatuto do Desarmamento", observa o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Antônio José de Oliveira Cerqueira. Além da prática de infrações, para os garotos que fazem parte das gangues, as armas significam status. "Um revólver é quase um fetiche para essa meninada. É um sinal de poder", analisa a socióloga Míriam Abromovay, especialista em violência da Rede de Informação Tecnológica Latino Americana. Na última segunda-feira (09), dois adolescentes foram encontrados com armas de fogo. A primeira foi uma garota de 15 anos com um revólver calibre .38 na mochila, dentro de uma escola no Recanto das Emas. Em Samambaia, outro adolescente de 15 anos foi pego com um revólver calibre .38. Ele contou que comprou a arma para se defender de rivais. O promotor de Justiça de Defesa da Infância e da Juventude do Distrito Federal, Oto de Quadros, afirma que a descoberta da origem das armas é um desafio. "Sempre perguntamos aos adolescentes onde eles conseguiram as armas. Eles respondem de forma evasiva e, muitas vezes, remetem a uma das feiras do rolo (de produtos roubados) espalhadas pelo DF", observa. O promotor explica que o porte de armas por um adolescente é um ato infracional que deve ser punido com medida socioeducativa ou liberdade assistida. "O problema é que essa punição não vem ou só ocorre muito tempo depois, com delitos mais graves. Aí o adolescente fica com a sensação de impunidade muito forte e a recuperação torna-se muito mais difícil".

[Correio Braziliense (DF), Erika Klingl – 11/03/2009]

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